Sleep no More – Teatro Imersivo

Estávamos em Nova York, especificamente em um bar speakeasy chamado Please Dont Tell. Como sempre sentamos no balcão para conversar com as pessoas, puxamos assunto com uma chinesa que estava rascunhando em um caderno enquanto bebia um drink. Contamos um pouco da nossa vida a ela e vice versa, caindo no assunto clássico de lugares que não poderíamos deixar de visitar por ali. Dentre eles, ela falou do teatro imersivo Sleep No More, deslumbrada e dando várias referências incríveis. Anotamos tudo e, no fim da noite, fomos pesquisar.

Encontramos um site bem diferente do que estávamos esperando. Ele falava basicamente sobre o hotel – onde acontece o espetáculo – e quase nada sobre a apresentação, o que nos deixou ainda mais curiosos.

Fuçando no site, o guestbook estava cheio de mensagens de famosos falando sobre o showSkrillex, Dita Von Teese, Neil Patrick Harris e Olivia Wilde, por exemplo. Tantas referências boas não poderiam estar erradas.

Compramos os ingressos sem entender muito como seria, sabendo apenas que era bom usarmos sapatos confortáveis e que a peça seria Macbeth, de Shakespeare. No dia, fomos até a porta do The McKittrick Hotel, totalmente apagado por fora, e ficamos esperando na fila até nosso horário.

Quando entramos, recebemos uma máscara de teatro e uma carta de baralho. Essa carta definiria que horário entraríamos para o espetáculo. Essa é uma das estratégias deles para separar grandes grupos, porque eles frisam que o Sleep No More é uma experiência individual.


Tem mais depois do jump ;)

Ao entrar no bar do hotel, antes de tudo começar, parecia que estávamos nos anos 50. A iluminação amarelada, a decoração, os drinks, o homem cantando no palco com aquele microfone antigo… ambientação fantástica. Ficamos por ali até sermos chamados.

Deu nosso horário, colocamos nossas mascaras e entramos em um elevador. O ascensorista foi explicando um pouco de como o espetáculo funcionava, parando em alguns andares, mandando algumas pessoas saírem e outras ficarem. Em um dos andares, ele pegou no braço de um só cara e mandou ele sair. Sozinho.
O que eles explicam, basicamente, é: não fale, não tire a máscara e, se você ver alguém sem máscara, corra atrás dele.

Saímos em um dos andares e o lugar tinha uma atmosfera completamente vintage. Tudo a meia luz, com móveis antigos, bem sombrio. Saímos em silêncio, mascarados, andando por ali. Agora imagine você passeando por um hotel antigo e cruzando pessoas exatamente como você: de máscaras e em silêncio.

O que acontece aqui é que o hotel inteiro, todos os cômodos, do banheiro a floresta (sim, eles criaram uma floresta lá dentro), fazem parte do cenário. E você pode andar por tudo, abrir as gavetas da escrivaninha da personagem, ler a carta que ela deixou escrita em cima da mesa, beber os líquidos que estão dentro das garrafas do bar, comer os doces…absolutamente qualquer coisa.

De repente, passa uma pessoa sem máscara correndo e outras quinze, mascaradas, atrás dela. Esses são os atores e, para acompanhar a história da peça, você precisa segui-los.

Em uma das cenas que vimos, entraram apenas seis pessoas dentro de uma sala e dois atores performaram com uma daquelas lâmpadas de interrogatório. Aquelas seis pessoas foram as únicas que viram aquela cena naquele dia.

Entendem agora porque Dita Von Teese quis voltar outras vezes?
É impossível ver a peça inteira de uma vez, porque as cenas acontecem em tempo real. Enquanto um personagem está escrevendo uma carta, outro está tomando banho de banheira, outros estão jantando na sala principal e outros estão brigando em uma sala minúscula. Essa é a mágica.

Os personagens vivem se cruzando, interagindo, performando sozinhos, em duplas e em grupo. Daí, de repente, você encontra um grupo enorme que estava seguindo outro personagem porque o que você estava acompanhando se encontrou com ele. E é dessa forma que a peça te leva para as grandes cenas principais, que acontecem em cômodos específicos e todo mundo fala a respeito.

O motivo para você ir de sapatos confortáveis é que, além de andar muito – ficamos QUATRO HORAS lá dentro – acompanhando os personagens, eles correm, sobem e descem os seis andares de escadas super rápido, pulam janelas e, acredite, você vai querer continuar atrás deles. Eu estava de vestido e pulei uma janela para conseguir acompanhar um personagem! Hahhaha

São várias apresentações em uma só, e algumas pessoas consideram o show mais performático do que realmente um teatro imersivo. A verdade é que isso não importa, ele é totalmente fantástico e foi uma das experiências mais surreais de nossa vida. Sabe quando você nem entende direito o que aconteceu, de tão absurdo? Foi assim que saímos do hotel, desnorteados.

Para quem assiste Gossip Girl, sim, eles gravaram um episódio lá! Inclusive fizeram esse making of bem legal que explica um pouco sobre o Sleep No More e dá para entender um pouco:

A peça já ameaçou sair de cartaz várias vezes, mas sempre renovam de última hora. Até o momento, eles tem datas disponíveis até Janeiro de 2013. Para quem vai passar por Nova York e quer viver uma experiência fantástica, fica a dica. ;)

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