Já faz mais de dois anos que trabalhar viajando o mundo faz parte do nosso dia a dia. Além de colecionar países, amizades, histórias e experiências, também começamos a colecionar vários hábitos dentro de uma gavetinha abandonada do passado, dando espaço para mudanças.
Alguns desses hábitos foram abandonados porque não tinham mais nada a ver com o nosso novo estilo de vida de mudanças constantes. Outros hábitos sumiram porque nossa vida ia ficando cada vez mais fácil sem eles, e aí não tivemos nenhuma dó de deixa-los pra lá.
É muito legal ter uma grande mudança acontecendo assim na nossa vida – que, no nosso caso, foi sair do Brasil e começar a trabalhar viajando o mundo – porque conseguimos ver exatamente o momento que aquilo foi começando a desaparecer da gente. Nós mudamos o tempo todo, mas é difícil enxergar exatamente a hora que alguma coisa deixou de fazer parte da nossa vida. Com essa mudança gigante no nosso histórico, medir esse tipo de coisa fica mais fácil, e aí conseguimos entender melhor o quanto esse novo estilo de vida nos afetou até agora.
[title subtitle=”quando começamos a trabalhar viajando”]5 hábitos que perdemos[/title]
Comprar por impulso
Quando sua vida está dentro de uma mala, você precisa saber exatamente cada item que têm e amar com todo seu coração cada coisinha de lá de dentro. Você precisa conviver com aquelas poucas coisas praticamente todos os dias, fazer e desfazer malas, carrega-las para cima e para baixo com você. É impensável comprar alguma coisa que só vamos usar de-vez-em-nunca e querermos levar isso com a gente por muito tempo. Cada peça de roupa, cada eletrônico, cada caderno, cada coisinha precisa ser pensada, repensada, analisada e revista de tempos em tempos, porque estamos constantemente tentando ser mais e mais minimalistas.
Não se preocupar com o amanhã
Ao contrário do que muita gente pensa, aquela sensação de ~deixar a vida te levar~ no cotidiano de um nômade digital é impossível. Você chega em uma cidade e já está pensando na próxima, procurando hospedagem, caçando uma forma de transporte, fechando hotel, se planejando a todos os momentos para o futuro. É uma luta constante essa ideia de viver no presente mas ter tantas coisas do futuro para pensar o tempo todo. Em uma vida comum, você pode passar meses ou até anos só naquela mesma rotina, indo trabalhar, voltando para casa, vivendo um ciclo todos os dias. Na vida de um nômade digital isso não existe.
Em alguns momentos isso é muito legal, porque te faz ficar em movimento, refletir, analisar a vida e o seu futuro o tempo todo. Mas tem dias que dá saudade de simplesmente viver um dia de cada vez, sem ter que planejar o que você vai fazer daqui alguns meses. Foi por causa dessa sensação que definimos uma base em Berlim, mas ainda não sei o quanto isso diminuiu. 😛
Dizer sim para qualquer trabalho
Trabalhar viajando para alguns dos lugares que sempre sonhamos em conhecer é maravilhoso, mas não adianta nada chegar naquela cidade incrível e não sair da frente do notebook. Quando estávamos morando em São Paulo, aceitávamos qualquer trabalho que aparecia – não importava muito se ele nos faria virar noites trabalhando, engolir nossos finais de semana e nossa energia.
Só que agora estamos um pouco em cada canto do mundo não só para trabalhar, mas para viver também. Nos primeiros meses trabalhando e viajando os dias iam passando e nós simplesmente não conseguíamos conhecer nada porque estávamos engatando um trabalho atrás do outro, mesmo em épocas que não precisávamos trabalhar daquela forma. Como não dá pra apertar PAUSE na vida enquanto estamos trabalhando, tivemos que aprender a priorizar.
Aprendemos, quase na marra, a decidir cuidadosamente no que vamos investir o nosso tempo. Aprendemos que não precisamos dizer “sim” para qualquer trabalho e muito menos para qualquer cliente. Que não precisamos ser gananciosos de querer mais e mais trabalho o tempo todo só porque somos freelas, porque ter uma vida além do trabalho é essencial. Isso tudo, é claro, acontece especialmente quando estamos com trabalho suficiente para nos sustentarmos de uma forma legal e podemos nos dar ao luxo de escolher nossos projetos. O negócio é entender que é melhor ganhar menos e ter tempo para aproveitar do que ficar só criando dinheiro – e esse post aqui fala bastante sobre isso.
Acreditar que ter uma rotina é para os fracos
Começamos na vida de freelancer meio que por acaso, então ainda no Brasil nós não nos preocupávamos muito com ter uma rotina certinha para todos os dias. Como cada hora era uma coisa diferente acontecendo, estávamos sempre nos adaptando ao que precisava ser feito naquela semana, naquele dia ou naquela hora. Hoje conseguimos enxergar como isso nos atrapalhava.
Nossa cabeça não sabia a hora de se concentrar, nossos horários eram bizarros, almoçávamos cada dia em uma hora diferente e o jantar só saía depois que terminávamos de trabalhar: no meio da madrugada. Por isso que hoje falamos tanto sobre criar uma rotina aqui no blog: porque realmente faz toda a diferença na vida de qualquer pessoa. Você pode trabalhar num escritório comum, fazer home office, ser freelancer, trabalhar viajando ou até estar cada dia em um lugar novo sem grandes problemas se tiver uma rotina bem definida. Ela te ajuda muito a encontrar um equilíbrio. Aqui tem um post bem legal sobre rotina da manhã para você pensar na sua.
Procrastinar e demorar mais do que o necessário
Seria um mundo incrível se eu pudesse escrever aqui que paramos completamente de procrastinar ao longo do dia e hoje somos pessoas maravilhosamente produtivas. Mas, desde que começamos a trabalhar viajando o mundo, tivemos que diminuir drasticamente a nossa procrastinação no dia a dia. Afinal, cada minuto que perdemos sem produzir e sem sair de casa, naquelas preciosas horas que passamos na frente do computador babando, descendo a timeline do Facebook e fazendo testes do Buzzfeed, nós poderíamos estar curtindo a vida na cidade. Ter lugares novos para conhecer e saber que você poderia estar viajando, mas está em casa fazendo nada, é um motivador enorme para aumentar nosso foco.
Estamos há dois anos e meio trabalhando pela internet enquanto viajamos e ainda queremos continuar fazendo isso por um bom tempo. Por isso eliminar cada um desses hábitos facilitou tanto nossa vida e ainda faz com que a gente consiga ter uma certa estabilidade na vida de quem trabalha viajando – que é um pouco rara, especialmente no começo.
Ainda temos vários hábitos para mudar e melhorar, e com certeza ainda vamos aprender muito com os próximos lugares onde moraremos, pessoas que conheceremos e experiências que viveremos. Mas a quebra desses cinco hábitos, definitivamente, são alguns dos que queremos levar para toda a vida, seja ela nômade ou não! :)