Encontrar uma pessoa para dividir a vida tão jovem quanto nós encontramos um ao outro é, como muitas pessoas nos dizem, um privilégio. Em nosso primeiro encontro desistimos de ir para uma balada e ficamos 8 horas seguidas em um restaurante 24h só conversando. Até o dia nascer.
Desde que começamos a sair – quando ainda só trabalhávamos na mesma agência –, passar tempo juntos no trabalho, no almoço e pelo Whatsapp nas horas vagas sempre foi uma delícia. Quando começamos a trabalhar de casa e ficarmos praticamente o tempo todo um na casa do outro trabalhando juntos, almoçando juntos, tendo ideias juntos e fazendo planos juntos não tivemos absolutamente nenhum problema com excesso de convivência – e isso continua até hoje.
Conseguimos contar nos dedos de uma mão as brigas feias que tivemos e depois de 5 anos e pouco morando, trabalhando, viajando e vivendo juntos, eu e o Fê viramos não só namorados, mas melhores amigos, parceiros de trabalho e de vida. É um tipo de parceria que não tive com ninguém antes e provavelmente não terei com mais ninguém nessa vida.
Quando começamos a namorar, nós dois estavamos lá pelos seus 20 anos.
Crescemos juntos. Mudamos juntos – internamente e de país, várias vezes. Criamos um blog. Uma empresa. Realizamos um monte de sonhos. Traçamos um monte de planos. E mudamos eles várias vezes ao longo do processo.
Em algum momento dessa nossa jornada, de forma quase natural, quase nos tornamos uma pessoa só. Nosso trabalho ficou quase idêntico. Nossas responsabilidades, nossas ideias, nossos amigos, nossas opiniões, nossos hobbies. Desde que começamos a trabalhar enquanto viajamos o mundo, tem épocas que passamos semanas praticamente só conversando pessoalmente um com o outro. Só entre nós.
Eu sei que quando você se relaciona com alguém essa sensação de virar uma pessoa só é natural. Vocês se amam, convivem juntos, provavelmente tem várias opiniões iguais. É normal. Só que no nosso caso, além de tudo isso, nós praticamente só convivíamos a longo prazo com nós mesmos. Só saíamos juntos – mesmo que com outras pessoas. Todos os nossos projetos, sonhos, responsabilidades, opiniões, tudo era dos dois. Em algum momento absolutamente tudo que eu era também era ele.
Dia desses eu acordei e senti que não era mais 100% eu. Eu não consigo mais enxergar direito onde eu termino e ele começa. Eu não sei mais quais são as minhas próprias opiniões e quais são as nossas.
E isso me deixou louca.
Conversamos muito, como sempre fizemos. E tomamos uma decisão em conjunto também.
Foi por isso que fizemos esse vídeo aqui explicando brevemente o que aconteceu.
Quando você encontra uma pessoa para dividir a vida assim desde tão novos é, realmente, incrível. Nos amamos muito, somos super parceiros e apoiamos todas as decisões um do outro.
E por isso decidimos dar um tempo para nós. Para nossos eus. Individualmente. Não como um casal.
Para nos redescobrirmos como indivíduos, aprendermos a lidar com as nossas fraquezas – que sempre foram cuidadas com tanto carinho pelo outro – e entendermos melhor quem somos sem o outro estar do nosso lado literalmente o tempo todo. Para podermos nos reencontrar como indivíduos e então como casal de novo.
Sempre gostamos de falar sobre vida real aqui no blog e esse momento é parte da nossa. Falamos tanto sobre sermos um casal totalmente honesto um com o outro e foi exatamente por isso que tomamos essa decisão – para continuarmos sendo honestos um com o outro.
Ps: O amor continua. O blog continua. O Youtube continua. Só que, por enquanto, em um formato diferente.